quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quando criança não diferente de nenhuma outra, minhas relações sempre foram inocentes, aquela sensação do desconhecido vivido em cada um, busco em mim o primeiro encontro com o mar, queria celebrar essa lembrança, viver aquele instante, fecho novamente os olhos, consigo ouvir a musica do tempo vindo me brindar com essa festa.

O estranhamento em cada passo, a sensação incrível ligada pelos pés, sinto a areia molhada e a chuva fina encontrar o meu corpo, os olhos abugalados de espanto e medo, fico parado perplexo, admirando a força brutal da água, me arrisco a aproximar, a tocar-me a mão indo encontrar-lo, curioso, quero experimentar, quando me vem o estranhamento do sabor.

Essa viagem celebrada pelo meu livro de memória faz-me crer, que essas sensações e esses sentimentos que me enchem os olhos e me trazem a certeza realmente que a vida não tem limites.
Vejo o mar quando meus olhos se fecham, teimo em fechar-los a todo momento, quero ir ao seu encontro, navegar nas águas turvas de um dia tempestuoso, me arrepia essa sensação. Entro em um estado de delírio permanente, ele me desperta sentimentos atrevidos, agora queria nadar nu em tuas águas agitadas, sentir toda a sua força domando-me as reações corporais, retirando-me das entranhas desse mundo perigoso e cruel que vivemos e fazendo entender que é a vida e não a morte, que não tem limites. 
Caminho, um passo atrás do outro, numa miséria de pensamentos sigo a caminhar. Hoje é terça daqui a pouco é quarta, os dias não me importam, sigo apenas caminhando, a procura de que? Não sei, não procuro nada, quero apenas caminhar, fazer as pernas se moverem, tirar a acides ferrugem de mim.

Não consigo ver a lua, nem estrelas, não observo nada que me passa, estou apenas caminhando. Não idealizo nada, estranhamente, em meus passos. Não sinto o chão, nem o vento, não sei dizer se era frio ou quente, isolei-me de sentir algo essa noite, queria apenas caminhar. 

E foi isso que eu fiz, andei e andei e cada passo me levava mais longe dali, daquelas pessoas que passavam na rua, dos bichos que cruzaram meu caminho, de qualquer forma de vida ao meu redor. 

Queria voltar no tempo, ter a capacidade de brincar com ele, ser o seu dono, criar todos os fatos para consolidar as coisas desejadas na vida. Mais não foi me permitido esse poder celeste, sou como você, apenas um ser que vive a margem dele, sucumbindo a cada novo amanhecer perante a sua lei implacável.

A cada novo dia envelheço-me de descontentamento por ver que o mundo não muda, que a sensação de pequinês me atormenta os pensamentos. É lamentável ver que o tempo passa e não conseguimos compreender a razão dele passar perante nossa compreensão, é triste sentir os desejos mais ferozes serem tragado pela ordem da tradição, os sonhos serem dizimados e a realidade nos tomam a fluidez de ter-los.